por Max Montiel
Há pouco, um cantor sertanejo fez show em Santa Catarina e recebeu uma camiseta com "Anistia Já" escrita no peito. Desfraldou a veste à sua frente e, por alguns segundos, exibiu o escrito, dando a entender que concordava com a afirmativa.
Antes disso, Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan, Gilberto Gil e outros nomes cantaram em um palco montado na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, protestando contra uma possível aprovação da PEC da Blindagem, também conhecida como PEC da Bandidagem.
A arte é política ou a política é arte?
Tenho para mim que tudo é. Até o ar que respiramos é um ato político. Desde o nascimento, fazemos parte de alguma classe e, a favor ou contra, passamos a vida lutando por um lado ou outro, com a trilha sonora que escolhemos ouvir. Óbvio, há equívocos e confusões.
Alguém que nasceu pobre e preto, com pais que curtem um batuque, pode se tornar um deputado federal de direita e papagaio de pirata de um presidente fascista. Assim como um artista (e são muitos), rebento da burguesia, pode vir a entoar versos de protesto.
Aqui não há julgamento, apenas insinuações quanto ao ato em si de protestar — legítimo para quem quer que seja.
Mas, como tudo na vida, há consequências. Quem apoia o primeiro caso, o do cantor sertanejo, provavelmente, com o andar dos anos, não mais poderá fazer nenhum discurso em relação a nada, a não ser em favor de quem apoiou. É um pacto de alma entregue ao fascismo.
Já os que estão ao lado dos artistas à beira-mar irão continuar exaltando seus pontos de vista, contra ou a favor.

Max Montiel é Jornalista e Tecnólogo em Marketing
